quinta-feira, 18 de abril de 2013

MIQUÉIAS E OS PROFETAS DO OTIMISMO

Postado em: "Tempos de Deus", Um ministério de Amor.


Se um mentiroso e enganador vier e disser: ‘Eu pregarei para vocês fartura de vinho e de bebida fermentada’, ele será o profeta deste povo! (Mq. 2.11).
Miquéias foi um profeta camponês que combateu veementemente a corrupção e a injustiça, praticada em seu mais alto escalão, entre os poderosos empresários, políticos, juristas e religiosos de Judá e Israel. Durante seu ministério profético, denunciou graves pecados como o orgulho, a cobiça, idolatria, opressão aos pobres, subornos entre os líderes, a avareza, a imoralidade e a religião vazia e hipócrita.
Sua mensagem crítica, de juízo divino eminente contra a prática dessas insanidades contradizia a mensagem de otimismo pregada por outros profetas, “aceitos” entre a maioria do povo. Havia entre esses – falsos profetas – a concepção de que nenhuma desgraça seria capaz de vir sobre eles, pois o Senhor é um Ser paciente, ao ponto de nunca se zangar com os erros de seus filhos (Mq. 2,6).
Aqui reside um erro recorrente em toda a história da fé, crer que Deus ama o seu povo demais para não arguí-lo, para não censurá-lo ou repreendê-lo por suas práticas pecaminosas. Essa geração de profetas, haja vista, não é diferente da que temos assistido hoje, que vendem a idéia esdrúxula de que não importa o que você faça com a sua vida, ou os pecados que cometa, Deus está com você, por isso, pode ir pra cima dos problemas e enfermidades que irá superá-los, será uma pessoa rica e próspera.
É fato que o povo de Deus sempre demonstrou interesse em ouvir mensagens promissoras, agradáveis, brandas e otimistas. O profeta Isaías afirma isso: Eles dizem aos videntes: “Não tenham mais visões!” e aos profetas: “Não nos revelem o que é certo! Falem-nos coisas agradáveis, profetizem ilusões.” Isaías 30.10. E os evangélicos atuais, em sua grande maioria, também continuam dizendo: “Profetizem ilusões” para nós; não queremos ouvir sermões moralistas, nada de doutrinas dos apóstolos, só falem palavras de otimismo, de sucesso e prosperidade, pois é isso que precisamos ouvir.
Paulo também discorreu sobre isso, declarou que nos últimos dias muitos rejeitarão os profetas de Deus, que proclamam a verdade e, em vez disso, procurarão líderes que pregam o que eles desejam ouvir – mensagens lisonjeiras, que não condenam os pecados e o mundanismo, e lhes assegurem bem estar (2 Tm. 4,3-4).
Voltando ao texto em questão, entendo que o capítulo dois de Miquéias, especialmente o verso onze, retoma uma questão relevante na história do povo de Deus – os falsos profetas, que vendem [pregam] otimismo para um povo condescendente com o erro.
Não há problema algum em ser otimista, ou incentivar a outros que sejam. Não tenho nada contra. E vale lembrar que este tema não pretende apontar o otimismo como um elemento contrário à vontade de Deus, mas sim, a irresponsabilidade daqueles que negligenciam a vontade de Deus em detrimento de interesses egoístas, sejam seus ou de outros, como foi o caso desses falsos profetas denunciados por Miquéias.
Por outro lado, precisamos ponderar sobre a verdade de que, quando o otimismo leva o cristão a desprezar os conselhos, exortações e recomendações de Deus, ele fatalmente promoverá o fracasso espiritual ao invés do sucesso desejado, resultando em outras terríveis e inevitáveis consequências, como ocorreram posteriormente sobre Israel e Judá (exílio).
O cristão sincero não precisa ouvir palavras carregadas de positivismo como “eu posso”, “eu consigo”“vai dar tudo certo” para substanciar a sua fé. Ele apenas crê em Deus, e busca nele as respostas para os seus dilemas, sabendo que nem sempre receberá uma resposta positiva. Mas que terá o conforto da gloriosa presença de Deus em sua vida, para andar por todos os caminhos e direções que Ele mesmo estabelecer através da sua vontade. E sabemos que não é próprio do cristão verdadeiro, associar otimismo ou positivismo com a fé que tem em Deus e nos seus propósitos.
O cristão sabe que não poderá decidir os caminhos da sua jornada à glória, contudo, tem a certeza de que os pés do Senhor já os pisaram primeiro, quando este venceu o mundo (João 16.33). E não importa qual seja a situação, sob os passos do Mestre dos mestres, a vida sempre culmina com a vitória.
Para isso, portanto, é muito importante manter-se no caminho da verdade, sem se desviar pelos atalhos dos falsos ensinos. Pois, certamente haverá muitos profetas, que prestam um desserviço ao Reino de Deus, tentando ludibriá-lo ao erro.
O povo de Deus daquela época estava engodado por essas falácias todas, e no final, como sabemos, foram levados ao cativeiro. Deus os puniu severamente por não darem ouvidos à sua verdade. Isso é o bastante para derrubar a tese de que Deus nos ama demais para não nos corrigir quando erramos. Porém, se somos corrigidos é porque Ele continua nos amando profundamente, como afirma o escritor aos Hebreus Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho.” (Hebreus 12:6).
Através do profeta Miquéias, Deus prometeu uma restauração total sobre o seu povo: “Eu vou de fato ajuntar todos vocês, ó Jacó; sim, vou reunir o remanescente de Israel. Eu os ajuntarei como ovelhas num aprisco, como um rebanho numa pastagem; haverá barulho de muita gente. Aquele que abre o caminho irá adiante deles; passarão pela porta e sairão. O rei deles, o Senhor, os guiará”. (Miquéias 2:12-13).

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