Postado em: "Tempos de Deus", Um ministério de Amor.
Pastores
da Igreja Universal do Reino de Deus inovam. Pela TV, em Brasília,
prometem bom desempenho em concursos públicos. O fiel só precisa levar
caneta ou comprovante de inscrição ao templo para ser ungido.
O discurso? “Se Deus te iluminar, te der a direção, nada dá errado.”
O pior dessa notícia é que tem uma lógica danada. Literalmente, a
lógica é danada. É dos quintos dos infernos. Mas faz todo o sentido
dentro da cosmovisão religiosa popularmente identificada como cristã,
isto é, da subcultura sociologicamente definida como segmento religioso
que se pretende cristão. Senão, observe.
. Para quem crê em um Deus intervencionista, que se mete no cotidiano
da vida humana vindo de fora (de outro mundo, da sala do trono, ou sei
lá de onde), qual é o problema de pedir a Deus que favoreça um dos seus
filhos em um concurso público?
. Para quem acredita em unção como ritual litúrgico, e sai por aí
passando óleo e azeite em portas e janelas, carros, pessoas, animais de
estimação, propriedades, galpões empresariais e escritórios, e outras
coisas mais, qual é o problema de ungir ritualisticamente uma caneta ou
uma ficha de inscrição para um concurso público?
. Para quem acredita que Deus revela segredos aos seus filhos, fala
pela boca dos profetas e dá palpite na vida dos outros, qual é o
problema em pedir uma iluminação ou uma direção, tipo informação
privilegiada, como ajuda para o êxito num concurso público?
. Para quem acredita que o templo é a Casa do Senhor, e que os
pastores, bispos, apóstolos e patriarcas são Servos do Senhor, pessoas
especiais, com uma unção especial de Deus, qual é o problema de
participar dessa unção ritualística no Templo Sede Internacional e
receber a benção do homem de Deus antes de atravessar o desafio de um
concurso público?
. Para quem faz promessas de subir escadas de joelhos, realiza
peregrinações carregando cruz nas costas, amarra fitinhas de santos no
pulso, pendura no pescoço colares benzidos nos terreiros, carrega
santinhos na carteira, ou participa de correntes da fé em busca de
bençãos materiais e soluções para problemas circunstanciais, qual é o
problema de ungir a caneta ou a inscrição para o concurso público?
Em síntese, apesar de grotesca e de causar espanto, respeitada a
lógica religiosa popular cristã, não há nada de errado nessa prática
noticiada pela Agência Estado. O desafio é responder se essa lógica
expressa de fato o Evangelho de Jesus Cristo.
Pr. Ed René Kivitz
Pastor da Igreja Batista de Água Branca – SP
Extraído: ADIBERJ